CT Arco Iris de Rio Branco, AC, completa 25 anos!


FEBRACT parabeniza a CT Arco Iris de Rio Branco, AC, pelos seus 25 anos de serviço aos dependentes químicos e seus familiares.


Histórico do “Projeto Caminho Aberto” à (Comunidade Arco Íris)

O “Projeto Caminho Aberto” surgiu no ano de 1995, na cidade de Rio Branco, devido à grande angústia dos familiares de dependentes do álcool e de outras drogas, que já se vivia no Acre, e que procuravam algum tipo de ajuda na Igreja Católica.

A iniciativa, portanto, partiu de dom Moacyr Grechi, bispo diocesano na época, acolhendo a ideia daqueles que o procuravam, buscou parcerias governamentais e estrangeiras (italianas), referências internacionais, que o ajudassem na criação de uma comunidade terapêutica local, e que trabalhasse em favor da sociedade, ferida pela dependência de substâncias psicoativas.

Através de diversos contatos, obteve a colaboração de uma instituição chamada “Projeto Uomo”, e do Centro de Solidariedade da cidade de Lucca, na Itália (Organizações que trabalhavam na recuperação dos jovens dependentes químicos e apoios familiares).

Assim, uma comitiva acreana foi a Itália, em fevereiro de 1995, encabeçada por dom Moacyr, junto com o prefeito Jorge Viana, os padres Mássimo e Luiz Ceppi, e a vereadora Francisca Marinheiro.

O objetivo era visitar a comunidade terapêutica de dependentes químicos do Centro Italiano de Solidariedade (CEIS), em Lucca, coordenado pelo padre Bruno Frediani, que já tinha visitado Rio Branco em outras ocasiões. Na conversa com os hóspedes da casa terapêutica de Arliano, e com padre Bruno, nasceu a ideia de iniciar também em Rio Branco um projeto de recuperação e de reintegração social de adolescentes e jovens toxicodependentes.

Logos da CT Arco Iris ao longo destes 25 anos

O projeto  se  concretizou logo, pois Jorge Viana ao regressar a Rio Branco, escolheu a Clenilde de Souza Belo Nogueira e Ana Lúcia Reis Melo Fernandes, para receber um treinamento em Lucca, no Centro de Arliano, sendo que, as despesas de hospedagem das duas estagiárias, estariam custeadas pela Arquidiocese de Lucca.  A proposta foi apresentada também à sobrinha do padre Mássimo, Cláudia De Paoli e à sua amiga Mariella, que começaram também seu estágio, preparando-se, assim, para a nova missão em Rio Branco.

O mesmo padre Mássimo, queria conhecer “in loco” como seria o novo projeto a ser iniciado em Rio Branco, permanecendo de 20 de fevereiro a 20 de abril em uma das comunidades: “Quis conhecer o método usado na recuperação dos toxicodependentes e pedi ao padre Bruno a possibilidade de morar, durante dois meses, numa das casas de recuperação. Indicou-me a comunidade de Bicchio, ‘Il Pino Rosa’, perto de Viareggio, e ali acompanhei durante dois meses o caminho difícil de recuperação de tantos jovens, homens, mulheres e mães de família. Finalmente, também em Rio Branco, teríamos uma casa assim”.

Confirmada essa colaboração, foram enviados três profissionais italianos, para desenvolver o trabalho terapêutico com um grupo local e passar os conhecimentos, formando pessoas capazes de levar a frente esse projeto, e que se tornasse num futuro próximo, puramente acreano. Depois dessas iniciativas e investimentos, encontros e formações, foi possível realizar o sonho de algumas famílias e da Igreja local. Tendo assim, a abertura de uma casa que podia acolher pessoas com problemas relacionados às várias dependências químicas.

Com todo o processo montado e equipes treinadas, houve propaganda em toda a Diocese e a sociedade para começar um trabalho chamado triagem para que, através de entrevistas com familiares, iniciassem as primeiras internações.

Assim, no dia 25 de julho, foi a inauguração do “Projeto Caminho Aberto”, com a presença de dom Moacyr, Sr. Jorge Viana, padres e muitos leigos, que foram prestigiar os primeiros passos de um sonho fazia anos esperado. Visivelmente emocionadas estavam Cláudia De Paoli e Mariella Stagno, que tinham chegado da Itália, em novembro do ano anterior, como voluntárias, para iniciar o “Projeto Caminho Aberto”, que seria fruto de um convênio entre as Dioceses de Lucca (Itália) e de Rio Branco, entre a Prefeitura de Rio Branco e o Centro Italiano de Solidariedade, o CEIS.

A primeira etapa do projeto consistiu no treinamento de duas pessoas de Rio Branco numa comunidade do CEIS, em Lucca, que se deveriam unir às duas voluntárias Claudia e Mariella, para o encaminhamento do Centro. 

Cláudia De Paoli falava naquele tempo: “A nossa proposta concreta é o funcionamento do Centro de Recuperação, onde as pessoas dependentes poderão passar um certo período. Nesse tempo, o objetivo a ser atingido consiste em afastar a pessoa do ambiente que o leva ao consumo de drogas, e acolhendo-a numa  comunidade terapêutica, onde aconteça  a mudança de atitude e a adesão a um novo modelo de comportamento. A comunidade  é fundamental nesse processo,  pois a droga gera dificuldades de relacionamento e perda dos valores.  A comunidade oferece um ambiente baseado numa relação de ajuda mútua, uma possibilidade de confronto consigo mesmo e com os outros, que permita e facilite a redescoberta dos valores, como a responsabilidade, o respeito, a honestidade e a sinceridade”.

O Centro foi construído na área do Polo Agroflorestal da estrada de Porto Acre, km 19, com a previsão de acolher até 24 pessoas. A casa era de madeira, com vários cômodos para acolher a nova comunidade que devia iniciar essa cmainhada.

As duas jovens italianas chegaram antes para sensibilizar a população a envolver-se no Projeto, visitar as instituições públicas e começar um atendimento, orientando os pais de dependentes químicos.

O primeiro conflito surgiu quando as duas voluntárias de Rio Branco, Clenilde e Ana Lucia, voltaram de Lucca, junto com as duas voluntárias italianas Cláudia e Mariella. Todos esperavam com grandes espectativas o início do “Projeto Caminho Aberto”, com a abertura da casa Arco-Íris.

Aconteceu que o doutor Donald, marido da Ana Lúcia, pretendia ser o responsável do Projeto, dando-lhe um direcionamento próprio, enquanto o CEIS, instituição responsável da formação, tinha sido convidado pela Diocese e pela Prefeitura para acompanhar o Projeto com sua metodologia. Num encontro com dom Moacyr e o doutor Donald, Cláudia e Mariella tiveram que declarar o completo “divórcio”. Cada equipe organizaria  sua comunidade terapêutica, o Arco Íris,  no km 19 da AC-10, e a Apadec, na estrada Jarbas Passarinho. Assim, os dois centros de recuperação, Arco Íris e Apadec, nasceram juntos, aliás, dividiram-se antes de nascer.

A Comunidade, que fazia parte do “Projeto Caminho Aberto”, começou a produzir seus frutos com a recuperação de jovens dependentes químicos, pois já, nos primeiros seis meses, dava assistiência a dez jovens.  Cláudia e Mariella receberam reforços da Itália, com a chegada de Paolo e Luca no mês de novembro, e também com os primeiros monitores acreanos, Dora Araújo, Francisco de Assis e Clenildo Souza.

Inicialmente, cada padre foi convidado a  passar uma noite por semana na Comunidade Arco Íris, para conceder uma folga aos monitores, e aproveitar para ajudar numa reflexão bíblica de manhã, ou acompanhar uma dinâmica educativa com os internos.

Durante três anos a Itália manteve a Comunidade financeiramente e os três monitores italianos, para alcançar o objetivo desejado, que era o de implantar esse Projeto e formar os monitores nativos. Em janeiro de 2000, os missionários enviados voltaram à Itália deixando o Projeto sendo puramente acreano. Posteriormente, constituiu-se uma Associação independente, jurídica e econômica, para administrar e dirigir o Projeto, com autonomia própria, sendo seus membros todos acreanos e o presidente da mesma devia ser o bispo diocesano. Ao longo dos anos passou por momentos comprometidos, pois os recursos para manter a Comunidade, cada vez eram mais difíceis de conseguir, e não tinha mais condições de continuar assim.

Dessa forma, no dia 03 de março de 2006, no salão de reuniões da Cúria diocesana teve lugar a Assembleia da Associação Caminho Aberto, para decidir sobre sua dissolução ou continuidade. Foi decidido por votação, 26 votos a favor e 2 abstenções, sua dissolução. Também por votação da maioria foi decidido que seu patrimônio fosse repassado para as Obras Sociais da Diocese. Os trabalhos continuariam do mesmo jeito, mas a partir desse momento, seria com a direção, administração e total responsabilidade da Diocese, passando a fazer parte das Obras Sociais da Diocese de Rio Branco.

Houve, portanto, várias mudanças e avanços, passando o inicial “Projeto “Caminho Aberto” a chamar-se simplesmente “Comunidade Terapêutica Arco Íris”, tonando-se uma das Obras Sociais da Diocese de Rio Branco, tendo o bispo como presidente, junto com uma equipe multidisciplinar, nos trabalhos de frente de inclusão social aplicada, incentivando também os familiares a serem protagonistas de suas próprias conquistas, através do tratamento inclusivo, que se tornou uma referência local e de cidades e estados circunvizinhos.

Também a estrutura física da Comunidade foi renovada, com a construção de uma casa de alvenaria, em substituição da velha casa de madeira, com capacidade para acolher 24 internos, com 06 quartos, de 04 camas cada um, e com banheiros incluídos. Foi inaugurada no dia 13 de outubro de 2010.

Atualmente, o regime é com internação de 12 meses, dos quais 9 são de gestação de uma nova vida, trabalhando um cronograma terapêutico próprio, na casa situada na Rodovia AC-10 (estrada de Porto Acre) km 19, e 3 meses de reinserção social, na Casa de Acolhida Souza Araújo (BR 364 km 10).

Na internação, os acolhidos desenvolvem laborterapias inclusivas, que servem para a auto sustentação da própria casa e para algumas vendas, e com um foco mais voltado também para o tratamento Biopsicossocial, diferentemente da metodologia inicial que era a DAYTOP, modelo cópia dos EUA.

A Comunidade tem capacidade de acolher uma quantidade de 24 pessoas, com uma vida comunitária e familiar, aberta a toda a sociedade, em parceria com a justiça e saúde local, recebendo pessoas indicadas por esses órgãos e também com procuras voluntárias.

A Comunidade é uma entidade filiada à Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas – FEBRACT, com sede em Campinas – SP, Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas  – ABEAD, e da Federação Acreana de Comunidades Terapêuticas – FEACT. Com essas parcerias, desenvolve-se um atendimento com mais qualidade profissional, através dos cursos de formação e acompanhamentos oferecidos por ambas instituições.

Ao longo destes 25 anos muitas pessoas ficaram na frente da Comunidade, com diferentes responsabilidades. Seus nomes fazem parte desta bonita história.

Caminho Aberto (Fundadoras): Cláudia e Mariele.

(Coordenadores): Paulo Pera, Luca Casotti, Azevedo, Estela e Assis.

Caminho Aberto (Monitores): Luca Casotti, Paulo Pera, Azevedo, Dora, Assis, Clenildo, João Duarte, Gleison, Osmarildo, Giliarde, Rosires, Alcineia e Moraes.

Arco Íris (Coordenadores): Erotilde e Jesus, Francisca Aglécia, Ana e Margarete, Renato, Paulo Cesar Rodrigues.

Arco Íris (Monitores): Moraes, Francisca, Sandro, Renato, Agostinho, Ruberval, Juliano, João, Erineudo, Ribeiro, Roberto e Oliveira.

Diretor espiritual: Pe. Luiz Pieretti.

Colaboradores: Vera, Aurélio, Edson, Sebastiana, Lindaura, Alzira, Eriberto e Pereca.