Comunidades Terapêuticas: Princípios e Diretrizes

Durante a XVI CLACT, Laura Fracasso falou sobre Princípios e Diretrizes das Comunidades Terapêuticas

 

Laura Fracasso, Psicóloga Clínica especialista em Dependência Química foi uma das convidadas da XVI Conferência Latino-Americana de Comunidades Terapêuticas (CLACT), onde falou sobre “Comunidades Terapêuticas: Princípios e Diretrizes”.

 

Conferência Latino-Americana de Comunidades Terapêuticas

Em sua palestra, falou sobre as Comunidades Terapêuticas, que são ambientes de internação especializados, presentes em mais de 60 países e que oferecem programas de tratamento intensivos e estruturados, visando ao alcance da manutenção da abstinência, inicialmente em ambiente protegido, com encaminhamento posterior para internação parcial e/ou seguimento ambulatorial, conforme as necessidades do paciente.

As Comunidades Terapêuticas tiveram grande evolução no decorrer dos anos: no final dos anos 70, a base era o confronto e não incluíam profissionais na equipe; já no final dos anos 80, as CT´s assumiram perfis diferentes, incluindo abordagens baseadas na terapia existencial, psicanálise e cognitivo-comportamental. Passaram a ter profissionais especializados, novas técnicas como o treinamento de habilidades e a aprendizagem social. Houve maior investigação científica acerca de sua eficácia, dos pacientes mais indicados e do papel dos profissionais envolvidos.

 

Objetivos e Metas do Tratamento oferecidos pelas Comunidades Terapêuticas

 

  • Manutenção da abstinência de substâncias psicoativas em um ambiente terapêutico controlado ou semicontrolado
  • Vida comunitária com outros usuários em recuperação
  • Ênfase na divisão de responsabilidades com companheiros de recuperação e conselheiros
  • Aconselhamento de suporte baseado em prevenção da recaída
  • Apoio individual, promoção da educação, treinamento e experiências vocacionais
  • Preocupação com as condições de moradia e o processo de reabilitação psicossocial do paciente
  • Apoio e cuidados pós-alta.

 

As indicações

Em relação às demais modalidades e ambientes de tratamento, a comunidade terapêutica é apropriada e eficaz para perfil de usuário com diagnóstico de dependência de substâncias psicoativas desde que aceita, voluntariamente, pelo indivíduo.

Equipe de atendimento

Corpo de funcionários diversificado, que combina profissionais tradicionais e não tradicionais. Psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros terapeutas ocupacionais e educadores, dependendo do tamanho e da complexidade da organização. Por vezes, médicos integram o corpo clínico ou se associam à organização como prestadores de serviço ou voluntários.
A figura diferencial, porém,  é a do ex-usuário que, ao longo de seu processo de recuperação assumiu papéis cada vez complexos na administração e nos cuidados da comunidade, até tornar-se um funcionário da comunidade.

A combinação de técnicos, corpo clínico, medicação, períodos mais curtos de internação e de estudos mais intensos para auxiliar o processo de construção da consciência e adesão ao programa e a recuperação, são os grandes diferenciais da CT clássica.

Duração

Quanto mais a comunidade terapêutica proporcionar momentos para que o indivíduo possa experienciar o retorno à sociedade gradativamente, mais eficaz será o resultado do programa e do processo de recuperação.

A Família do indivíduo em tratamento na Comunidade Terapêutica

Uma família com funcionamento saudável tem um papel muito importante no processo de tratamento do indivíduo pois os ajuda no processo de reorganização e manutenção de sua recuperação.

Por isso algumas Comunidades Terapêuticas incluíram a terapia familiar no atendimento às famílias.

O desafio dos terapeutas familiares que têm o papel de agir como facilitadores, tradutores, mediadores tem sido: receber a família no estágio inicial da internação; ajudá-la a reelaborar sua história; seguir com a família; sair da conversa da “droga” e poder estar junto para entender o que se passa; significar a experiência de cada um e tentar construir uma maneira mais produtiva de seguir a vida.

Eles devem estar preparados para acolher, ouvir, sintonizar, significar, traduzir, cooperar sem desafiar, confrontar, julgar e sem querer controlar a vida do outro.

Os profissionais precisam assumir um perfil de atuação, sabendo ouvir e se colocar, ser exemplo, adaptar-se e saber avaliar desempenho e necessidades.

Desafios da evolução

Manter sua identidade por meio de um modelo genérico de Comunidade Terapêutica com base teórica, padrões codificados para a prática, uma atividade de treinamento organizada e uma agenda de pesquisa que possa refinar a sua teoria e melhorar a prática.

Acesse todas as palestras em pdf no site do evento: www.clactbrasil.com.br